15 de março de 2023

Drops #10 - Eu assisti o primeiro filme de D&D em 2023


 

Olá pessoal! Eu sei que não há muitos de vocês lendo o que eu posto, mas sempre vejo pelas estatísticas que uma galera ainda visita o blog regularmente. Não deixem de comentar sempre que passarem por aqui! Isso me motiva bastante a continuar!

A postagem de hoje vai ser curtinha, mas vai ser meio que um pequeno review. O título já diz tudo: Eu assisti ao primeiro filme de Dungeons & Dragons, aquele que foi lançado em 2000, nesse ano atual de 2023. Há poucas semanas do lançamento do mais novo filme, o D&D: Honor Among Thieves, eu decidi revisitar todas as obras lançadas anteriormente e ver se realmente são ruins, a começar pelo primeiro filme. Conclusão: 


São horríveis!

Desde que vi uma nota na Dragão Brasil 62, logo após o anúncio do filme de Senhor dos Anéis, eles descreveram brevemente o lançamento de um filme de D&D. Era meu auge com a 3E, e o hype foi instantâneo. Juntei minhas moedas e cacei em qual cinema o filme iria passar. Fui na pré estréia e até que não saí tão triste da sala de cinema. Eu tinha 15 anos de idade e 0 senso crítico.



Tive a oportunidade de assistir esse filme pouco tempo depois quando foi lançado em DVD. Eu e os jogadores do meu grupo alugamos e assistimos antes de uma sessão de D&D, para inspirar a interpretação e aumentar o hype. Funcionou exatamente o contrário: entendemos muito sobre o que não fazer e quase que tirou nossa vontade de jogar naquele dia.


Um Adolescente que Sonhou Grande




A verdade é que esse filme é um show de oportunidades perdidas, desde a oportunidade de mostrar o que é RPG e D&D, até a oportunidade de mostrar cenários famosos e situações de jogo. Esse filme tem tudo de errado, a começar pelo diretor:  Courtney Solomon.

Aos 19 anos, enquanto ainda era um estudante, Courtney simplesmente ligou para a TSR e perguntou se os direitos de D&D estavam disponíveis para aquisição com foco na produção de um filme. A resposta que algum maluco deu lá na empresa foi um grande sim!

Ele era um grande fã de D&D desde a sua infância. Ele também cresceu vendo sua mãe trabalhar com design de produção em diversos filmes canadenses. Somando A+B ele viu a maior de todas as oportunidades: trazer para a telona as histórias fantásticas que ele tanto gostava.

Com a aprovação garantida, foi atrás de conseguir investimentos. O Pitch básico de Courtney era de uma Trilogia épica aos moldes de Star Wars (O ano era 1994, então Senhor dos Anéis ainda não tinha sido lançado), só que com dragões e magia. Gente grande comprou a ideia, que chegou a atrair até mesmo a atenção de Fracis Coppola e James Cameron, que tinha acabado de sair do maior filme de ação de todos os tempos. O problema? Os diretores da TSR queriam colocar o dedo em tudo e comandar todas as decisões. O resultado disso foi a mais bizarra de todas as cenas, onde Lorraine Williams, chefe da TSR olhou para James Cameron em um almoço e perguntou: "Quais são as suas qualificações para dirigir esse filme?". Detalhe, Cameron nunca disse que ia dirigir, apenas se interessou em produzir pessoalmente a obra e usar de sua experiência e influência para fazer algo legal.


Uma Piada Começa Agora



Tudo de ruim que poderia acontecer, aconteceu. Em 1998 a TSR foi vendida para a Wizards of The Coast, e seus novos chefes queriam absolutamente engavetar o projeto. Nem mesmo a presença do produtor executivo de Máquina Mortífera e Highlander serviam para animar a Wizards.

Processos judiciais aconteceram, muita discussão e pressão de investidores. O orçamento que inicialmente era de 100 milhões ficou bem mais modesto com apenas 36 milhões. Courtney se viu forçado por eles a assumir o papel de diretor e filmar uma versão inicial do roteiro em vez de uma das versões mais atuais e trabalhadas. Segundo ele, a Wizards of The Coast queria e trabalhava ativamente para que o filme fosse uma grande falha. E foi.

Courtney tentou com muita vontade e paixão fazer a melhor obra possível, mas a sua inexperiência se juntou a severas restrições orçamentárias e a coisa foi ladeira abaixo. Os dragões vermelhos e dourados, totalmente em CG, parecem que não terminaram de ser renderizados. A maioria dos cenários parecem muito baratos e falsos, incluindo as locações com estruturas que eram reais, como o Ossuário de Sedlec em Praga.




O seu casting era inventivo, porém, tinha zero química em cena. Justin Whalin (Lois & Clark) e Marlon "Branquelas" Wayans como a dupla Ridley e Snails não faziam nada mais além de causar vergonha alheia com seus diálogos ridículos que testam a paciência até o limite. A imperatriz com a profundidade de um pires interpretada por Thora Birch (Beleza Americana) e o mago escandaloso interpretado por Jeremy Irons (Rei Leão) não agregam absolutamente nada para a história nem com os dois Oscars que os atores ganharam. Bruce Payne, o cara que fazia todos os vilões dos anos 90, colocou um batom azul e nem pareceu se esforçar pra dar verdade ao seu personagem. E nem as aparições de Richard O'Brien e Tom Baker ajudaram em alguma coisa.

A maior fraqueza do filme é seu roteiro, que coloca um grupo de heróis mal introduzidos (incluindo o alívio cômico Lee Arenberg de Piratas do Caribe, que entra no time sem nenhum motivo e não faz nada pelo filme inteiro) em uma jornada por um cajado que controla dragões. Cajado este que seria usado para equilibrar uma disputa política entre um bando de magos oligarcas liderados por Profion. O filme traz ainda diálogos que são acidentalmente hilários, mas que fazem você se questionar se alguém leu o roteiro antes de filmá-lo. Em uma hora, Bruce Payne com seu soldado Damodar solta um "Vocês ladrões... Sempre pegando coisas que não pertencem a vocês...".

Porém, é difícil questionar a pureza do entusiasmo e intenções de Courtney. Em vez de usar a rota usada no desenho onde pessoas são transportadas para um mundo de jogo, ele manteve a fantasia e o universo reais. Em vez de adaptar algum dos inúmeros romances de D&D ou usar um cenário popular como Forgotten Realms ou Krynn, ele queria que o filme canalizasse o próprio RPG que ele jogou em sua infância. Por isso que o império magocrata de Izmer é meio que baseado em Glantri de Mystara.

Fora isso, não tinha muito mais de D&D no filme além de pequenas aparições sem contexto de orcs, alguns beholders usados como cachorros de guarda e uma meia dúzia de magias clássicas. O filme era tão genérico quanto poderia ser, e o lucro de sua produção só veio quase 6 anos depois com vendas de DVDs, quadrinhos e alguns livros específicos.

Para Courtney Solomon, isso significou quase 11 anos sem novos trabalhos em Hollywood. Para os outros envolvidos, apenas a piada clássica de "Eu precisava pagar as contas, por isso fiz essa bomba".


Uma Nova Esperança




O ano agora é 2023 e um novo filme foi anunciado. Com a Wizards vendendo D&D como nunca vendeu antes, a 5A edição gerando produtos como o Critical Role e a pandemia popularizando RPG como um todo, era de se esperar que um novo filme e uma super produção acontecesse.

Eu particularmente sempre fico no hype para filmes assim. D&D é muito nostálgico para mim e sempre foi uma parte importante da minha rotina de diversão e escape. Os trailers são muito animadores e quem já assistiu relatou coisas muito positivas.

É isso aí! Assim que assistir vou tentar fazer um review com a cabeça mais fresca aqui para vocês.

3 comentários:

Mi disse...

De que ano é Aladdin da Disney mesmo? Acho que eles tentaram surfar na onda dele xD hahaha piadas péssimas a parte...Fica aí um motivo pra ir em Praga, esse lugar é o das ruínas? Parece bem legal.

SPOILER SPOILER


A melhor parte do filme pra mim é quando eles vão no rei dos ladrões e tem aquela dungeon com plateia

El_Fuego disse...

Caramba não acredito que o blog ainda está no ar e com novas postagens.
Muito bom alegrou a minha sexta

Senhor dos Ventos disse...

Assisti a esse filme com minha esposa, e foi uma grata e inesperada surpresa para nós.

Mudando um pouco de assunto, construí recentemente um blog com registros de história de Elgalor, meu mundo de campanha, que segue uma estrutura old school bem semelhante a Mystara e forgotten Realms 2a edição. Já coloquei entre meus parceiros seu blog, e se puder divulgar o meu, fico muito agradecido

https://cronicas-elgalor.blogspot.com/

Que bons ventos sempre soprem a seu favor.

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