Olá Pessoal,
Tem muito tempo que não escrevo aqui. Mas espero que alguém ainda leia esse artigo porque eu me dediquei bastante a ele. Ultimamente eu tenho explorado bastante o universo anime e mangá. Tenho lido bastante coisa e jogado muitos jogos inspirados em animes.
No passado, cheguei a mestrar diversas aventuras inspiradas em anime, muito graças ao cenário de Tormenta, totalmente inspirado no gênero. Desde que vi a versão final do Tormenta20, comecei a me questionar o que fazia uma aventura de anime ter um feel de anime, por isso eu decidi tentar organizar todas elas na forma de uma postagem. Espero que vocês curtam assim como eu curti escrever.
Os Diferentes Gêneros de Anime
Eu sei que existem diversos gêneros de anime. Especialmente hoje em dia com tanto material novo saindo e tantos autores explorando e brincando com a própria mídia. Mas os gêneros mais populares costumam se tornar lugar comum nas revistas semanais japonesas, com séries longas de diversos capítulos. Por isso, para efeitos de simplificação, eu vou explorar apenas alguns gêneros principais nesta postagem:
Sword Art Online |
Hunter x Hunter |
Aventura - O gênero de aventura é sobre viajar e viver uma aventura em um determinado lugar ou mundo (O que as vezes pode escalar para todo o universo, ou até mesmo outras dimensões). Nesse gênero, os personagens não ficam apenas em um lugar, a história se desenrola justamente porque eles estão conhecendo novas cidades, países, planetas... E todos os personagens novos que vêm junto com eles. Em geral, animes de aventura trazem uma motivação maior, como encontrar o One Piece, por exemplo. E para atingir essa missão maior, é necessário que sejam completas várias missões menores e médias. O desenvolvimento dos personagens acontece quando eles conhecem um lugar novo e desafiam o status quo de suas vidas. O Luffy entende cada vez mais como um pirata deve se portar a cada ilha visitada, a cada personagem conhecida. E cada personagem que entra ou que sai da história tem um papel no desenvolvimento dele. Nesse gênero, um dos pontos mais engajantes além do desenvolvimento de personagens, é a descoberta de novos lugares, o sentimento de "qual será a próxima aventura a ser vivida? Será que dessa vez vamos encontrar nosso objetivo final?". A surpresa é uma das maiores armas do gênero.
Gintama |
Comédia - Duvido que você adivinhe qual o objetivo principal do gênero... Óbvio: fazer você dar risada. Se a história não consegue te trazer gargalhadas intensas, ela pelo menos está o tempo todo te fazendo dar risadinhas bobas. Um ponto importante é que cada pessoa possui seu próprio senso de humor, por isso nem todo anime de comédia tem um amplo apelo entre o público que assiste. Cada um tem os seus favoritos, da mesma forma que séries em live action, por exemplo. O ponto engajante dos animes de comédia são as situações. O protagonista é sempre colocado em lugar de desvantagem, onde precisa enfrentar suas vergonhas, normalmente em uma situação de pressão social. Rito de To Love Ru está constantemente sendo impedido de declarar seu amor para Haruna pois ela sempre o vê em situação constrangedora com outras garotas, geralmente Lala. Ou ainda como todos os personagens de Golden Boy sempre o surpreendem na hora em que ele está delirando e lambendo um vaso sanitário. A estrutura de um episódio de anime de comédia é normalmente dividida entre uma proposição, várias cenas constrangedoras e engraçadas e uma conclusão que evolui a história. Uma dica para transportar esse sentimento para RPG é pensar suas sessões como episódios fechados.
Anohana: The Flower we saw that day |
Drama - Trazer lágrimas e uma miríade de emoções ao espectador é basicamente o que os animes de drama fazem melhor. O ponto principal e mais forte de um anime de drama é o fato de ele conseguir conectar quem assiste com a experiência do protagonista, o que resulta nos espectadores sendo capazes de sentir tudo o que o protagonista sente a cada episódio. Seja uma pequena identificação ou uma barragem de emoções, a principal meta de uma história focada em drama é tocar o coração de quem participa dela, assistindo ou jogando. Quando se fala de anime, uma das principais maneiras de saber se um anime de drama é bom mesmo, é se ele consegue fazer você chorar. Até hoje não consigo assistir novamente O Cemitério dos Vagalumes por que ele é emocionalmente pesado demais para mim.
Barakamon |
Slice of Life - Esse gênero aborda essencialmente a vida normal das pessoas. As histórias mostradas nesse gênero são bem pés no chão e nada extraordinariamente sobrenatural irá acontecer, e esse é exatamente o ponto. A maior força desse gênero é transformar a vida normal em uma grande aventura. E entenda, a vida normal pode ter reviravoltas, tristezas e alegrias, mas a grande diversão está em viver a rotina. Hi Score Girl mostra justamente como Haruo, um garoto normal, tem sua vida afetada simplesmente por gostar de jogar fliperamas. E como os jogos são importantes em sua vida desde sua infância até o final de sua adolescência, onde ele entende o que é o amor e se apaixona pela Akira.
No Game no Life |
Fantasy - Talvez esse seja o gênero com mais elementos em comum com o RPG tradicional. Fantasy não se resume necessariamente a fantasia medieval, mas pode abranger vários tipos de mundos fantásticos, eventos surreais e locações extraordinárias. Mais recentemente, um sub-gênero de fantasia que ficou famoso foi o de Isekais, onde pessoas normais são transportadas para um mundo fantástico. Magia normalmente é um componente fundamental nesse tipo de mundo, e elementos fantásticos são os tijolos que constroem as histórias. Dentre vários animes clássicos, posso citar Record of Lodoss War que é extremamente similar ao D&D, Guerreiras Mágicas de Rayearth que se assemelha mais a um JRPG de video game e Final Fantasy Unlimited, com seus elementos tecnológicos misturados aos elementos comuns de capa e espada. O ponto forte de um anime de fantasia é o local onde ele se passa. Os personagens se desenvolve conforme conhecem e se adaptam àquela realidade. Em geral, temos um protagonista que conhece pouco do mundo e acaba servindo de ponte entre o anime e o espectador em toda a sua jornada, a evolução de conhecimento do protagonista acaba se misturando com a evolução de conhecimento do próprio espectador. Outros animes interessantes e bem variados a serem citados desse mesmo gênero: No Game no Life, Inuyasha, Escaflowne, Sword Art Online e Slayers.
Magi: The Labyrinth of Magic |
Magia - Magia está na essência desse gênero: encantos, feitiços e mágica em geral. Pode incluir também fontes de poder mágico ou seres mágicos que realizam desejos como gênios ou itens raros. Um dos mais famosos sub-gêneros de Magia é o gênero de Garotas Mágicas, onde uma menina comum ganha poderes extraordinários e muda a sua vida completamente. Um trope bem comum do gênero é o de "Monstro do Dia", onde cada episódio do anime traz um problema que precisa ser resolvido pelo protagonista com o uso de magia. Isso pode ser facilmente adaptado para RPG na forma de missões, por exemplo.
Durarara! |
Sobrenatural: Similar ao gênero de magia, esse gênero envolve situações do cotidiano sendo quebradas por eventos surpreendentes e completamente fora dos limites aceitos dentro da realidade do anime. Em geral, animes de sobrenatural tendem a trazer elementos de mistério. Não necessariamente existe magia ou poderes sobrenaturais envolvidos, mas sim situações surpreendentes dentro da realidade proposta, como até mesmo um personagem sobreviver a uma queda de altura imensa, por exemplo. Um dos animes que mais curto nesse gênero é o Durarara, que é uma revisão moderna da história do Cavaleiro Sem Cabeça.
Corpse Party |
Horror - Não é difícil encontrar bons animes de horror. Em geral, animes desse gênero trazem temáticas similares às do gênero sobrenatural, com eventos extraordinários quebrando o cotidiano, mas dessa vez, as causas são monstruosas, fantasmagóricas, esquisitas, alienígenas... Gore pode ser um elemento recorrente desse gênero, com muitas cenas viscerais, sangue jorrando e mortes gratuitas. O fator mais importante em um anime de horror é a capacidade que ele tem de assustar e revoltar você. A tensão dos protagonistas é a tensão do espectador, e o medo do desconhecido dos protagonistas deve ser o medo do desconhecido dos espectadores. Exemplos de anime desse gênero são Gantz, Parasyte e as obras do mestre Junji Ito.
Detective Conan |
Mistério - Uma coisa que existe em essencialmente todo anime de mistério é um enigma central. Pode ser um evento, um lugar, um item ou até mesmo um personagem. E toda a história se desenrola em volta desse mistério central. Resolvê-lo é o fio que conduz a narrativa. Os animes mais famosos desse gênero normalmente trazem detetives ou investigadores, como os clássicos Detetive Conan e Eden of the East.
Mirai Nikki |
Psicológico - Animes do gênero psicológico lidam com a mente e a psiquê humana. Os episódios constantemente trazem temas que são abordados em certo nível psicológico (E alguns até mesmo filosófico). Você vai encontrar com frequência o uso de Mind Games assim como batalhas onde o uso da inteligência é muito mais importante do que os músculos ou as armas que você carrega. O ponto mais forte de um anime psicológico é exigir que você esteja constantemente pensando, exercitando sua mente para não ser pego de surpresa ou para surpreender seus oponentes. A série psicológica que mais curti recentemente se chama Liar's Game. Outros animes que seguem esse mesmo estilo são Death Note e Monster. Ambas são obras incríveis.
Maid Sama |
Cowboy Bebop |
Sci-fi: Também chamado de Ficção Científica, é um gênero focado em mostrar e explorar elementos científicos e tecnológicos na história principal. Na maior parte do tempo, o foco da história está no avanço da tecnologia, em seu uso ou em sua diversidade dentro do cenário proposto, bem como a influência da tecnologia dentro daquela sociedade. Nos animes de Gundam, vemos claramente como a humanidade lida com suas diferenças usando essas máquinas de guerra. Ou no sub-gênero Super Robot, onde a humanidade ganha chances de enfrentar ameaças espaciais ou sobrenaturais graças à tecnologia. Um cenário muito interessante de RPG que foca no Sci-Fi é o Brigada Ligeira Estelar.
Anime é um produto cultural japonês
Um fenômeno interessante entre os fãs de anime (pelo menos os que eu conheço) é que além de eles gostarem da mídia, eles também possuem um conhecimento acima da média de cultura japonesa. Isso se deve ao fato de que Anime é um produto 100% ligado à cultura e a sociedade japonesa como um todo. Os protagonistas retratados são modelos do que um japonês médio almeja ser em sua vida.
Ao escrever um mangá ou anime, o autor não está preocupado em atingir o maior público possível, com backgrounds culturais diferentes e cabeças diferentes (é óbvio que há excessões). Ele quer retratar a rotina dele, a rotina do Japão, seus hábitos culturais e seu folclore, etc. E é por isso que acabamos por absorver tanto dessa cultura apenas por assistir anime.
Outro ponto interessante a ser citado é a questão do Shinto. Shinto ou Xintoísmo é a espiritualidade mais popular do Japão. Nem todos os estudiosos consideram o Xintoísmo como uma religião, mas sim como um conjunto de práticas e crenças espirituais, está mais associado a estudo e filosofia do que práticas dogmáticas. A palavra Shinto significa Caminho dos Deuses em uma tradução mais livre, e seus pontos fundamentais são o respeito à natureza, aos antepassados e aos Deuses ou Kami. Para os japoneses, existe um Kami essencialmente em tudo, todos os objetos, todos os elementos da natureza, todos os lugares... E isso é agregado à cultura e hábitos dos japoneses. Por exemplo, os samurais mortos em batalha, no passado, eram enterrados com a totalidade de seus pertences, pois os japoneses acreditavam que caso pilhassem o corpo, a alma do guerreiro caído voltaria para reclamar os pertences roubados. Ou nos animes, quando um lutador fica recitando todos os seus títulos ou o seu golpe de nome super longo enquanto seu oponente espera calmamente tudo se concluir para poder revidar. Tudo possui um significado no Japão, cada hábito costuma ter uma justificativa espiritual e uma série de regras a serem seguidas.
Animes tem começo, meio e fim
O ponto principal ao se planejar uma aventura em estilo anime é imaginar como um episódio de anime se comporta, começando pela recapitulação do capítulo anterior. Um dos truques que eu normalmente usava era começar a sessão descrevendo o que aconteceu na sessão anterior, sempre perguntando e pedindo input dos jogadores para que eles refrescassem a minha memória. Essa pode ser inclusive uma boa oportunidade para colocar acontecimentos que não aconteceram de verdade. Talvez a batalha com aquele monstro tenha sido rápida demais, então você pode usar esse momento para narrar mais acontecimentos durante a batalha, para passar a ideia de que ela durou mais tempo do que realmente durou.
Ao final da sessão, da mesma forma, você pode aproveitar para mostrar um pouco as cenas dos próximos episódios. Descrever brevemente uma cena que os jogadores vão encontrar na próxima sessão ou ainda uma cena que talvez eles não vejam: Dois vilões conversando seus planos, por exemplo.
Uma vez que você tem o pequeno ciclo de um episódio, você pode planejar quantos episódios e temporadas a sua história global vai ter. Animes no Japão são exibidos normalmente a 1 episódio por semana, de forma que, em geral, as temporadas são divididas em trimestres de 12 ou 13 episódios. Um anime padrão dura 6 meses no ar e tem entre 23 e 26 episódios. E um anime de grande duração, como One Piece ou Dragonball, podem durar várias temporadas, cada uma com 49 a 52 episódios. É importante pensar no número de sessões a ser jogada para que a sua saga possa progredir de maneira contínua e os arcos se amarrem bem dentro do número de episódios planejados.
Por fim, é importante que a conclusão seja realmente final. Você pode jogar continuações depois, ou até mesmo prequels da sua aventura. Mas quando a história terminar, é importante que os jogadores tenham a sensação de que ela realmente terminou, que não há nada mais a ser feito dentro daquela saga ou para resolver o problema que você propôs. Qualquer nova saga demanda um novo problema, um novo vilão ou uma nova situação, assim como em Cavaleiros do Zodíaco, quando ao salvar Saori no final da saga das 12 Casas, os cavaleiros simplesmente voltaram para os seus lugares de origem e a série poderia muito bem ter concluído por aí. Quando retornaram, era para enfrentar Hilda, em um novo local, com novos poderes e armaduras.
Os Clichês são seus amigos
Quem acompanha animes há um certo tempo acaba percebendo certos padrões que
vão além do gênero ao qual aquele anime faz parte. Coisas como derrotar um
vilão com o poder da amizade, ou os famigerados torneios de luta existentes em
vários animes de ação, ou ainda o fato de que quase todo anime de ação tem um
personagem que começa como um vilão e que depois encontra sua redenção,
acabando como amigo do protagonista. Tudo isso entra na grande galeria de
clichês de anime.
Um clichê é uma ideia que se repetiu tantas vezes dentro daquele contexto que acaba se tornando previsível. Muita gente odeia clichês, por já tê-los visto inúmeras vezes. Mas, estas ideias se repetem tanto simplesmente porque são ideias boas. São um lugar comum das narrativas que muitos autores não hesitam em visitar. Por outro lado, muitos autores usam dos clichês justamente como forma de surpreender seus espectadores, torcendo-os ou invertendo-os de tal forma que acabam tornando sua história surpreendente. Em Madoka, um anime sobre como a protagonista lida com seu dever de se tornar uma garota mágica ou não. Durante todo o anime, o espectador torce para que ela decida aceitar seu destino e se transforme em uma garota mágica, mas no final do anime, o espectador se questiona se realmente essa era a melhor opção. Esse é um bom uso de distorção de clichês. Outro grande exemplo é o caso de Tate no Yuusha, onde você espera que o protagonista nerd seja paparicado o tempo inteiro pelos seus companheiros, mas o que acontece é uma grande quebra de expectativa ainda no primeiro episódio.
A distorção de clichês é uma arma bem válida para trazer sabor à sua história. Mas em anime, parte da diversão é ver como o autor vai aplicar o clichê bem manjado em sua história. Usar de idéias que já foram vistas em outras obras é também uma maneira de tornar sua aventura com mais cara de anime. Sua aventura pode contar com um vilão que se redime, com um companheiro que se sacrifica pelo herói, uma confissão de amor no festival da escola ou ainda uma personagem irmã mais nova que chama um herói de onii-san. Não tenha medo de usar os clichês como parte da diversão e parte do sabor que a sua história possui.
Um clichê é uma ideia que se repetiu tantas vezes dentro daquele contexto que acaba se tornando previsível. Muita gente odeia clichês, por já tê-los visto inúmeras vezes. Mas, estas ideias se repetem tanto simplesmente porque são ideias boas. São um lugar comum das narrativas que muitos autores não hesitam em visitar. Por outro lado, muitos autores usam dos clichês justamente como forma de surpreender seus espectadores, torcendo-os ou invertendo-os de tal forma que acabam tornando sua história surpreendente. Em Madoka, um anime sobre como a protagonista lida com seu dever de se tornar uma garota mágica ou não. Durante todo o anime, o espectador torce para que ela decida aceitar seu destino e se transforme em uma garota mágica, mas no final do anime, o espectador se questiona se realmente essa era a melhor opção. Esse é um bom uso de distorção de clichês. Outro grande exemplo é o caso de Tate no Yuusha, onde você espera que o protagonista nerd seja paparicado o tempo inteiro pelos seus companheiros, mas o que acontece é uma grande quebra de expectativa ainda no primeiro episódio.
A distorção de clichês é uma arma bem válida para trazer sabor à sua história. Mas em anime, parte da diversão é ver como o autor vai aplicar o clichê bem manjado em sua história. Usar de idéias que já foram vistas em outras obras é também uma maneira de tornar sua aventura com mais cara de anime. Sua aventura pode contar com um vilão que se redime, com um companheiro que se sacrifica pelo herói, uma confissão de amor no festival da escola ou ainda uma personagem irmã mais nova que chama um herói de onii-san. Não tenha medo de usar os clichês como parte da diversão e parte do sabor que a sua história possui.
Vilões, redenção e o maniqueísmo
Em animes, dificilmente um vilão é alguém realmente maligno. Ao contrário da cultura ocidental, onde o mal existe e deve ser combatido, nas culturas orientais o mal costuma ser retratado como alguém com ideias diferentes das suas a respeito de como as coisas devem ser. Em Guerreiras Mágicas de Rayearth, Zagato, o grande vilão da primeira temporada deseja apenas e unicamente que a sua amada Princesa Esmeralda deixe de ser o pilar do mundo, e consequentemente, deixe de carregar todo o peso de sustentar o mundo com a sua vontade. Seu único desejo é que ela seja feliz e que eles possam enfim ficar juntos, mesmo que para isso ele precise sacrificar todo o resto do mundo. As motivações de Zagato são nobres, mas seus meios são questionáveis, no mínimo. Esse tipo de comportamento se repete na maioria dos bons antagonistas de anime.
Ao imaginar seu vilão ou antagonista, tente torná-lo mais humano. Tente fazer com que as suas motivações e as suas aspirações não sejam diferentes das de qualquer pessoa normal. Todos nós queremos viver em um mundo de paz, harmonia e alegria, mas são esses conceitos que acabam sendo diferentes para cada indivíduo. E no universo do anime, a redenção acontece quando um personagem consegue compreender que os meios que ele escolheu para atingir seus objetivos estão errados.
Em contrapartida, os heróis também não são totalmente bondosos. Um dos clichês de anime que é razoavelmente popular é o do herói acordando para a realidade. É quase como um rito de passagem e em geral costuma acontecer quando o herói e o vilão finalmente conseguem se entender por completo. Onde cada um acaba ganhando uma qualidade do outro. Gon (Hunter x Hunter), Gintoki (Gintama) e Ichigo (Bleach), todos passaram por isso.
A moral da história aqui é que quanto mais parecido com os heróis for o seu vilão, mais os jogadores vão amar odiá-lo, ou odiar amá-lo.
RPG de Anime deve usar arte de Anime
Esse ponto pode parecer meio óbvio para muita gente, mas é importante comentar
um pouco sobre ele. A arte de anime segue a mesma estética japonesa do mangá.
Olhos grandes, personagens normalmente esguios, expressões exageradas,
armaduras que na vida real não seriam nada funcionais mas são estilosas,
cabelos coloridos, garotas bonitas de anime, vale quase tudo aqui para deixar
a sua história com cara de anime.
Não tenha medo de dizer que um personagem tem olhos e cabelos roxos. Ou que a
bola de fogo na verdade tem o formato de uma cabeça de leão que ruge enquanto
voa na direção dos inimigos. Esse é o tipo de coisa que tempera visualmente
uma história de mangá. Captain Tsubasa seria apenas um anime esquecível sobre
futebol caso os chutes não fizessem a bola ficar achatada no ar ou caso
momentos antes do chute, a silhueta de uma águia raivosa não aparecesse atrás
do Kojirou. A única coisa que limita o seu exagero é o universo onde sua
história se passa.
Considerações Finais
Quando estiver escrevendo a história que você pretende jogar, tenha anotado em algum lugar seus objetivos com ela. A maioria dos grandes autores de Mangá, mesmo quando sua obra não está terminada, possuem uma ideia do caminho que ela vai tomar ou dos múltiplos caminho que ela pode tomar. Entretanto, seja completamente maleável. Uma prática comum dentro da indústria de mangás e animes são as pesquisas de popularidade: Se dar bem nela significa que a sua série vai continuar por quanto você desejar. Se dar mal pode significar um cancelamento prematuro. E todo bom autor de mangá está sempre preparado para isso.
Não tenha medo de perguntar aos seus jogadores ou de dizer ao seu mestre que você não gosta de um personagem ou que você acha que o rumo que a história está tomando não faz muito sentido. Muitos mangás mudam on the go por causa disso. Dragonball deveria ter acabado logo após o Goku ter derrotado o Piccolo. Depois deveria ter acabado assim que o Goku derrotou o Freeza. E depois que ele derrotou o Cell, o Akira Toriyama já não aguentava mais desenhar Dragonball, mas precisou continuar inventando histórias até que seu editor e seu público finalmente estivessem satisfeitos.
No mais, espero que tenham curtido a postagem, e me digam se gostariam de ver mais postagens assim por aqui. Essa aqui deu bastante trabalho (Quase 1 semana de pesquisa e preparação), mas eu acho que valeu a pena!
Vejo vocês na próxima postagem!
3 comentários:
Ficou muito bom! ❤️ Saudades de ler teu blog!
Eu gostei dos insights e dos exemplos de cliches que dão muitas ideias boas. Fora que o fato do vilão ser alguém que pensa diferente e não exatamente alguém ruim rende muita história. Te desafio a fazer exemplo de aventura com Slice of Life ou só Romance xD Vai ser sessão de Vampiro! Pra Comédia será que funciona algo meio One Punch Man? Queria mais detalhes também
Siga com o blog! RPG never dies! Muito bom ver que segue publicando material. Valeu!
Putz, tu falando do cabelo, lembrei de quando fui rolar a aparência do meu personagem de Mekton Zeta. Deu um árabe com cabelo longo verde e olhos... QUE MUDAVAM DE COR A TODO MOMENTO 😂
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