16 de fevereiro de 2009

Sidequest #28 - O dia em que Monte Cook veio ao Brasil

Olá pessoal, estava vendo algumas revistas antigas que tratavam da visita ilustre do Monte Cook ao Brasil. O Escritor de Dead Gods, Book of Vile Darkness e Ptolus participou do Encontro Internacional de RPG do ano de 2006 e fez a alegria de muitos fãs.

Muito educado e amigável, Monte relatou em seu blog como foi sua visita a nosso país. Resolvi então traduzi-la com algumas adaptações para que todos, mesmo os que não entendem ingles, possam apreciar suas impressões reais sobre o Brasil. Espero que gostem e se divirtam tanto quanto eu ao ler este texto!

O Dia em que Monte Cook veio ao Brasil(Ou Brazil)

Há alguns poucos anos, estive em contato com o pessoal da Devir (uma editora, tradutora e publicadora de livros de RPG) sobre uma viagem ao Brasil para uma convenção, mas parecia que nunca sairia do papel. Finalmente, há quase um ano e meio atrás, eles me colocaram pressão e me forçaram a vir ao Brasil.

Ok, talvez não tenham forçado.

Foi uma honra e um privilégio para mim, na verdade, ser um convidado no EIRPG (Encontro Nacional de RPG) em São Paulo, Brasil, nos dias 8 e 9 de julho de 2006. Sue e eu viajamos um pouco mais cedo, dia 3 de Julho, para termos uma chance de experimentar um pouco do Brasil, e ficamos muito felizes por ter conseguido.

Chegando Lá


O vôo de Chicago a São Paulo durou dez horas e meia. Graças a Deus, mudamos para uma classe melhor no meio do caminho. Basicamente, isso significou apenas alguns centímetros a mais para minhas pernas, porém, esses centímetros foram realmente importantes.

Em são paulo, um jovem rapaz chamado Thiago Fink estava nos esperando no aeroporto, segurando uma capa do Arcana Unearthed, o que facilitou demais seu reconhecimento. Ele seria nosso guia, nossa babá, nosso professor, nosso intérprete e eventualmente nosso grande amigo durante a viagem inteira. Eu posso dizer honestamente que a experiencia da viagem não seria o mínimo de legal se ele não estivesse por perto. Ele explicou tudo, respondeu nossas questões bobas e nos levou a lugares que nunca veríamos sem ele.

Nós também tivemos o prazer de conhecer sua namorada, uma estudante de direito chamada Juliana, e passar algum tempo junto com eles. Eles são muito parecidos com Sue e eu, na verdade - a idéia de um bom passeio é ir a um restaurante, comer boa comida e então seguir para o cinema ou uma boate ouvir uma boa música (que tivemos a oportunidade de fazer em sua companhia).

As Impressões

Thiago nos levou a um monte de lugares, para nos mostrar o melhor de São Paulo. Por ser a terceira maior cidade do mundo, é claro que não a conhecemos por inteiro, apenas uma pequena parte dela. O lugar em que isso ficou mais claro foi na cobertura do prédio do Banco Santander, onde pudemos ver a cidade num panorama de 360 gráus num observatório.

São Paulo é ENORME. Deixe-me dizer novamente. É ENORME. Literalmente se estica em todas as direções tão longe quanto sua vista alcança em uma vasta gama de construções. Diferente da maioria das cidades americanas, ela não parece ter uma região central. Não possui nenhum arranha-céu realmente grande. Em vez disso, ela possui um sem-número de construções de médio e pequeno porte. E, a partir do telhado do banco, pudemos ver que cada uma delas possui um jeito diferente - Não há vales(no sentido de ruas cercadas por enormes prédios como por exemplo em Nova Iorque) de ferro e pedra como se vê em Nova Iorque, pelo contrário, as ruas e construções seguem padrões altamente aleatórios.

O efeito disso torna São Paulo o lugar muito exótico, que com certeza ela é. Não vou dizer que é um lugar bonito (embora alguns lugares dentro dela sejam realmente magníficos), mas que é sempre impressionante.

Para almoçar, um dia nos fomos a um extraordinário e lotado mercado e comemos uma versão brasileira da nossa 'Panqueca Recheada'(Perguntei a minha mãe a tradução do que ele escreveu no blog e ela, como formada em Gastronomia, me disse que esse era o termo mais correto). O México possui os seus Burritos, a Itália possui o Calzone, a Irlanda possui a Pasty, a China possui o Rolinho Primavera... Cada cultura parece possuir uma variação deste prato.(No Brasil ele é chamado de Pastel). E graças aos Deuses, porque eu amo todas estas variações. Depois do almoço, encontramos um vendedor de frutas que nos permitiu experimentar cada uma delas. Isso quer dizer MUITAS, pois o Brasil possui de maneira incrível muitas vezes mais tipos de frutas que os EUA. Nos acabamos comprando várias sacolas de frutas tropicais para levar ao nosso quarto de hotel. Sue tentou pedir ao serviço de quarto por uma Faca para que pudéssemos comê-las no dia seguinte, mas infelizmente ela usou a palavra errada e conseguimos em vez disso uma Colher. Eventualmente esse problema foi resolvido, mas não sem umas boas risadas.

Nós também fomos ao Parque do Ibirapuera, um local parecido com o Central Park construido em volta de um lago no centro da cidade. Visitamos um grande zoológico, um museu de arte, uma exibição do corpo humano usando cadáveres extremamente bem preservados de pessoas reais (o que parece mais nojento do que realmente é).

A Comida

Estaria sendo besta se não mencionasse a comida. Porque São Paulo é enorme e um lugar repleto de culturas, você pode provar qualquer tipo de comida lá. Tivemos um fabuloso jantar Italiano numa noite, por exemplo, e comemos em um restaurante japonês na noite seguinte.

Eu já falei dos saborosos pastéis, mas a cozinha brasileira é muito mais conhecida por outros sabores. Em nosso primeiro dia, experimentamos Feijoada, que se trata de um caldo grosso com feijões pretos e uma grande variedade de carnes (Minha ideia de cortar a carne da alimentação foi totalmente destruida no Brasil - que pena! Estava deliciosa!). E falando de carne, nós também fomos comer o mundialmente famoso Churrasco Brasileiro. Talvez vocês tenham ouvido falar dele ou até mesmo comido antes. Meus amigos sempre chamaram as churrascaria de "Lugar onde servem Carne em espadas", que é exatamente o que se trata. Enquanto você se serve de um monte de outras coisas, o prato principal vem em longos espetos trazidos por garçons que podem cortar e servir os pedaços em uma Parada de Carnes Sem Fim. Há duzias e mais duzias de variedades de carne, e você pode comer o tanto que aguentar.

A Convenção


O Brasil possui uma comunidade de jogadores bem ativa, baseada primariamente em RPG e Card Games. De acordo com Douglas Reis, representante da Devir no EIRPG, o público esse ano foi por volta de 7000 pessoas - um número realmente impressionante para uma convenção em qualquer lugar do mundo. Situada em uma grande escola Católica (as escolas no Brasil estão de férias em julho), a convenção tomou dois grandes pátios abertos, alguns menores, um ginásio, um Jardim Japonês, algumas salas grandes de leitura e um grande número de pequenas salas de aula e outras salas.

As pessoas se concentraram em me perguntar que diferenças eu vi entre o EIRPG e as convenções que acontecem nos EUA, e para ser honesto, as diferenças são bem triviais. Parecia com qualquer outra convenção em que estive, inclusive, foi uma convenção extremamente bem organizada. Eu acho que as maiores diferenças estavam na variedade e na qualidade da comida à venda no evento, e o quão o evento é efetivamente realizado em lugares abertos.

Minhas responsabilidades incluíam ministrar duas palestras de duas horas, com algumas questões depois e uma sessão de autógrafos. A primeira era "Como escrevi meu primeiro RPG aos 19 anos" e a segunda estava entitulada como "De Rolemaster a Ptolus: 20 anos de design de RPG". (Eu não posso levar o crédito pelos temas, foram ambos ideias da organização, e preciso dizer, ótimos temas). A experiência de ministrar uma longa palestra com um tradutor era nova para mim. Levou um pouco de tempo até eu pegar o ritmo de dizer uma ou duas frases e esperar pela tradução, e então dizer mais uma ou duas frases. Era divertido ver algumas pessoas na platéia reagirem às minhas piadas logo após eu falar e outras apenas depois da tradução. De maneira geral, eu me senti muito bem.

Eu devo mensionar também o meu tradutor, Erick. Demorou um tempo para que eu pudesse aceitar que ele era Brasileiro. Não somente seu inglês era perfeito, mas ele tinha um sotaque do Midwestern (A região oeste dos EUA) e parecia com um americano também. Um cara legal e um jogador de longa data, Erick ficou ao meu lado durante toda a convenção, o que foi muito legal. Enquanto muitos participantes falavam pelo menos um pouco de inglês (melhor que o meu Português limitado), muitos não sabiam, e Erick me ajudou facilitando muitas discussões que sucederam minhas palestras.

Tanto durante a convenção, quanto antes e depois, Sue e eu fomos tratados como se fôssemos da famíçia real. Eu não conseguiria elogiar o suficiente nossos anfitriões da Devir, que também organizaram a convenção de maneira exemplar. Eu acho que no final, cada participante estava feliz assim como nós estávamos com toda a experiência.

Na verdade, foi quase uma vergonha que teve que acabar. Eu estava me acostumando a ter alguem dirigindo para mim, lendo todas as placas e menus para mim, e cuidando de todas as minhas necessidades. Falando sério, fizemos muitos amigos no Brasil e tivemos uma experiência que nunca esqueceremos.

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3 comentários:

nerdcore disse...

É muito legal conhecer estas histórias dos bastidores do RPG.

Gostei!

Anônimo disse...

Não é a toa que ele tem Cook no nome...

Anônimo disse...

Tira as fotos! Tu estragou a imagem que muita gente tinha dele.

Eu mesmo imaginava o sujeito como um Lich Meio-Dragão Meio-Tarado que vive num universo paralelo de onde ele comandava as brumas de Ravenloft!

Agora eu sei que ele é só um nerd meio ruivo que pensa como um Lich Meio-Dragão Meio-Tarado que vive num universo paralelo de onde ele comandava as brumas de Ravenloft!

;_;

(Sim, eu disse ;_;)

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